Investimento em UNACON de Vitória da Conquista contrasta com abandono em Caetité

Enquanto o Governo da Bahia anuncia a aplicação de R$ 30 milhões na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) do Hospital Samur, em Vitória da Conquista, pacientes da região sudoeste enfrentam o abandono quase completo do atendimento oncológico em Caetité. Mais de 2 mil pacientes estão sendo diretamente prejudicados pela interrupção quase que total dos serviços na UNACON, há mais de três meses.
A unidade de Vitória da Conquista, hoje gerida pela Prefeitura, é referência regional e atende pacientes tanto do município quanto de outras cidades do sudoeste baiano, reforçando o papel de polo de saúde da cidade. Com a nova parceria entre Estado e Hospital Samur, o plano é dobrar o número de atendimentos mensais. A operação em plena capacidade poderá custar até R$ 2,5 milhões por mês aos cofres públicos — montante que será assumido pelo Governo da Bahia, totalizando um investimento anual estimado em R$ 30 milhões.
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, o investimento busca ampliar o acesso ao tratamento oncológico com qualidade, infraestrutura moderna e maior resolutividade. No entanto, o anúncio é recebido com críticas por pacientes e lideranças locais, que apontam a falta de equidade na distribuição dos recursos de saúde.
Em Caetité, a situação é crítica. A UNACON local, que também era referência para municípios do entorno, permanece com os serviços praticamente paralisados. A Fundação Provida, responsável pela gestão desde a rescisão do contrato anterior, não conseguiu reativar plenamente os atendimentos, mesmo após três meses. O resultado é uma lacuna perigosa para quem depende de quimioterapia e outros tratamentos contínuos.
O vereador de Caculé, Jeovane Costa (PSB), usou as redes sociais para denunciar a gravidade do cenário. Segundo ele, cerca de 2 mil pacientes oncológicos de 43 municípios dependem da unidade, mas enfrentam dificuldades extremas devido à falta de estrutura e insumos básicos. Em apelo emocionado, Jeovane — que acompanha o drama de perto dentro da própria família — destacou: “Os pacientes oncológicos não podem esperar! Cada dia sem tratamento pode ser fatal. O câncer não espera, e os pacientes também não podem esperar!”
O contraste entre o investimento robusto em uma cidade e a omissão em outra levanta questionamentos sobre os critérios adotados para a alocação de recursos em saúde pública. Para muitos, o cenário evidencia uma política de concentração em detrimento da descentralização do atendimento — algo que vai na contramão do que prega o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem uma resposta concreta sobre a retomada dos serviços em Caetité, os pacientes seguem desassistidos, muitos tendo que viajar centenas de quilômetros para continuar o tratamento em cidades como Barreiras, Salvador e a própria Vitória da Conquista.
Enquanto os investimentos em Vitória da Conquista caminham para fortalecer ainda mais o polo de saúde regional, o drama dos pacientes de Caetité expõe uma ferida aberta na política pública de oncologia na Bahia: o direito ao tratamento igualitário, perto de casa, ainda está longe de ser realidade.
