Médica que atendeu em Caetité e que testou positivo para COVID-19, fala com exclusividade e relata sobre acontecido e a doença
Médica se recupera em casa e não teve quadro pior da doença.
A médica que atendeu em Caetité nos dia 20 e 21 de março e que foi diagnosticada com COVID-19, falou com exclusividade a reportagem do Radar 030. Pelo aplicativo Whatsapp a profissional de saúde fez um relato sobre todo o acontecido, as reações das pessoas e da doença. O Radar 030, reservou-se apenas em divulgar o primeiro nome da profissional. Tailine desempenha suas atividades médica em Caetité e Brumado, onde reside atualmente. No período que esteve nas unidades de saúde não apresentava sintomas da doença, até que no dia 23/03, sentiu os efeitos do coronavírus. Prontamente ela se isolou e seguiu as regras do Ministério da Saúde.
"Muitos dos profissionais de saúde não tem essa opção e, portanto, tem que enfrentar esta infecção na linha de frente. A população precisa entender que da mesma forma que estamos dispostos e disponíveis ajuda-lós, somos também uma provável fonte de transmissão e podemos estar completamente assintomáticos." Trecho do relato da médica.
Em suas palavras a Dr(a) Tailine, relata da importância do isolamento social e do grande poder de infecção do COVID-19. Confira na integra com exclusividade o relato enviado a redação do Radar 030.
Me chamo Tailine, sou médica e trabalho na região de Brumado e Caetité. No dia 23/03/2020, após retornar do trabalho, apresentei dor no corpo, calafrio e sudorese noturna. Comuniquei a secretaria e segui as orientações, conforme protocolo do Ministério da Sáude, de isolamento e cuidados pessoais.
Realizei o exame do swab orofaríngeo para COVID-19, atualmente usado no diagnóstico de doença ativa, recebendo o resultado dia 01/04/20, estando este positivo.
Imediatamente, comuniquei as secretarias responsáveis sobre o ocorrido para que as mesmas tomassem as medidas cabíveis. Os meus contactantes foram avisados, seguiram o isolamento e foram acompanhados.
Recebi diversas críticas e percebi que muitas delas estavam relacionadas a falta de informação adequada por parte da população, não só pelo caso, mas principalmente sobre a doença. Queria deixar claro que antes do dia 23/03/20 estava totalmente ASSINTOMÁTICA (sem nenhum sintomas) e como profissional de saúde tenho responsabilidades perante a saúde da população. Jamais colocaria em risco as pessoas de forma consciente.
O COVID-19 é uma doença nova, que foi descoberta em dezembro de 2019, na China e acredita-se que sua origem esteja ligada ao consumo de frutos do mar e animais silvestres, naquela região. Apresenta alta transmissibilidade (através de gotículas e aerossóis) e por isso, rapidamente, se tornou uma pandemia . O quadro clínico da doença é variável, sendo que a maior parte dos infectados são ASSINTOMATICOS. Portanto, nesse momento, várias pessoas podem estar infectadas, sem saber, e transmitindo a doença.
No dia 21/03/20 a transmissão passou a ser considerada de caráter comunitário e portanto, qualquer pessoa sintomática ou não , independente que tenham viajado ou tido contato com casos suspeitos ou confirmados, podem estar infectada.
Infelizmente, faltam kits suficientes para testar toda a população e sabermos a real dimensão do problema. E isso não é só no município, mas no mundo. Portanto, a melhor forma de não se contaminar, até o momento, é através da prevenção. O isolamento social tem se mostrado bastante efetivo e ,por isso, devemos continua-lo.
Muitos dos profissionais de saúde não tem essa opção e, portanto, tem que enfrentar esta infecção na linha de frente. A população precisa entender que da mesma forma que estamos dispostos e disponíveis ajuda-lós, somos também uma provável fonte de transmissão e podemos estar completamente assintomáticos.
É por isso que orientamos toda a população a manter o isolamento e cuidados com higienização, alimentação, saúde mental e apenas sair de casa se extremamente necessário.
Acredita-se que em algum momento a maior parte da população vai ter contato com o vírus, porém essas medidas são para evitar que TODOS se contaminem AO MESMO TEMPO, pois não temos UTIs e ventiladores suficientes para dar o suporte adequado para quadros mais graves.
Portanto, em caso de sintomas respiratórios (tosse, coriza, febre, falta de ar, dor de garganta) ou suspeitos (dor no corpo, dor de cabeça, diarréia) a população deve comunicar as secretarias do município e permanecer em isolamento por 14 dias assim como os seus contactantes. Em caso de piora (febre persistente, falta ar) devem procurar as unidades de atendimento de emergência.