Especialistas alertam sobre riscos de beijar várias bocas durante o carnaval

O beijo na boca e a ‘pegação’ são marcas registradas do carnaval no Brasil, mas segundo especialistas é preciso ficar atento em relação às doenças que um simples beijo pode transmitir. Hepatite B, herpes, sífilis, resfriado e mononucleose (doença do beijo) são algumas delas, alerta os infectologistas e professores da área.

“Outros patógenos dependerão muito das condições gerais da pessoa e da boca de quem beija. Presença de feridas ou sangue na boca, doenças gengivais ou respiratórias, ou má conservação dentária aumentam o potencial de transmissão de patógenos pelo beijo”, ressaltou.

Saliva

De acordo com o médico, os foliões podem contrair agentes infecciosos potencialmente transmissíveis pela saliva e, eventualmente, pelo sangue. “Ao contrair patógenos, podem ocorrer as seguintes possibilidades: não acontecer nada; ficar doente; ou tornar-se portador e potencial transmissor do patógeno contraído, independentemente de adoecer ou não”.

Souto explicou que a olho nu é difícil perceber se existe o risco de contaminação, dado que as feridas nos lábios, língua, dentes e garganta só podem ser vistas um estado avançado da doença. “Entre essas lesões, além das infecções de garganta por vírus ou bactérias, também existem as verrugas que são doenças sexualmente transmissíveis, que é o conhecido condiloma, popularmente chamado de ‘crista de galo’, que pode dar tanto no ânus e genitais quanto na boca, além do herpes, por exemplo”, disse.

Já o vírus da Hepatite B tem potencial de transmissão pela saliva e não costuma ocasionar lesão na boca. “Mesmo o herpes, assim como a mononucleose, a pessoa costuma ser portadora do vírus e poder transmiti-lo em uma fase em que não há sintoma aparente”, completou o especialista.

Prevenção

Doenças infecciosas provocadas por bactérias, a cárie e a gengivite também podem ser transmitidas pelo beijo. Por isso, as visitas periódicas ao cirurgião-dentista são importantes a qualquer momento, explicou a dentista Elaine Maria Sgavioli, professora do curso de odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara.

De acordo com ela, escovar os dentes após os beijos minimiza os riscos de contaminação. “A escovação dentária é importante, pois diminui a flora bucal que pode causar algumas doenças, mas somente isso não evita algumas doenças”, alertou.

O infectologista da UFSCar ressaltou que beijar outra pessoa com a boca suja de outras secreções, no caso o vômito, teoricamente aumenta o risco de transmissão de doenças.

Em caso de secreções vindas do estômago sem sangue isso pode ser menos provável, mas, vindas com sangue já aumenta a possibilidade de transmissão de outros patógenos; em casos de secreção vinda do pulmão, podemos acrescentar aí a possibilidade da tuberculose, por exemplo”, disse.

Para ele, não há como observar, examinar ou fiscalizar o potencial de cada parceiro em busca de fatores de risco para a transmissão de doenças com o objetivo de selecionar quem beijar ou não.

“Em termos práticos, a sugestão é não sair beijando sexualmente de modo indiscriminado, usar preservativos em todas as relações sexuais e não usar álcool ou outras drogas em quantidade que possam prejudicar o juízo crítico ou subtrair sua autonomia e dignidade”, concluiu.