Vereadora Jussandra (PT) denuncia ato de machismo do vereador Totó (União Brasil) durante sessão da Câmara de Ibiassucê
Ibiassucê, BA – A sessão ordinária da Câmara Municipal de Ibiassucê, realizada nesta segunda-feira (09/06), foi marcada por uma grave denúncia de machismo no plenário. A vereadora Jussandra (PT) utilizou a tribuna para repudiar publicamente a atitude do colega vereador Totó (União Brasil), que, durante a sessão anterior, se referiu à parlamentar como “atriz” e acusou-a de promover um “espetáculo” e uma “grande encenação”.
Em sua fala, Jussandra afirmou que a declaração ultrapassou os limites do debate político e configurou um episódio de violência política de gênero, crime reconhecido e repudiado pela legislação brasileira.
“Esse não é um episódio isolado ou uma simples escolha infeliz de palavras. É, sim, um ato de violência política de gênero, tipificado e repudiado pelas leis deste país”, declarou a vereadora em plenário.
Ela destacou que o uso do termo “atriz” foi carregado de intenção depreciativa e misógina, tentando deslegitimar sua atuação como parlamentar:
“O termo ‘atriz’, utilizado aqui para insinuar que a vereadora age com teatralidade, sem autenticidade ou legitimidade, é uma manifestação explícita desse tipo de violência. Busca minar a credibilidade da parlamentar não por seus argumentos ou posições políticas, mas por ser mulher. É a tentativa recorrente e violenta de transformar a mulher política em objeto de ridicularização e descrédito, de confiná-la aos papéis que a sociedade patriarcal historicamente lhe reservou. Não podemos e não devemos nos calar diante disso.”
A vereadora ainda classificou o episódio como reflexo de uma cultura misógina enraizada na política, que tenta desqualificar e silenciar mulheres por meio de insultos disfarçados de críticas políticas.
Comentários machistas nas redes acirram indignação
A situação se agravou quando, ao acompanhar a transmissão ao vivo da sessão no Facebook oficial da Câmara, a vereadora se deparou com comentários igualmente machistas e ofensivos, feitos por dois servidores públicos municipais: Edimar Pinheiro, Diretor de Infraestrutura do município, e Mateus Lima Fernandes, servidor contratado e subordinado ao próprio diretor.
Nos comentários, os servidores, que estavam em horário de expediente (já que as sessões ocorrem às 9h), publicaram mensagens com tom de deboche e hostilidade, incluindo frases como “cala a boca dela”.
Para Jussandra, os ataques virtuais reforçam que a postura de violência política contra mulheres não está restrita ao plenário, mas é compartilhada por membros da gestão municipal.
“Fico ainda mais estarrecida ao ver que essas atitudes são ‘aplaudidas’ e incentivadas por servidores da atual administração. Isso parece revelar o pensamento do grupo político da situação, que não tolera a atuação firme de uma mulher na política local.”
A Prefeitura Municipal de Ibiassucê, comandada pelo prefeito Tadeu Prado Rebouças Prates (União Brasil).
Providências e alerta sobre a misoginia na política
A vereadora informou que irá acionar os órgãos competentes, incluindo o Ministério Público, para que sejam tomadas medidas legais contra as manifestações de cunho machista e ofensivo, tanto dentro do plenário quanto nas redes sociais.
O episódio levanta um alerta sobre o ambiente hostil que muitas mulheres enfrentam na política, especialmente em cidades do interior, onde o poder ainda se mostra fortemente concentrado em estruturas patriarcais e misóginas.
Jussandra encerrou sua fala conclamando os colegas e a sociedade a não se calarem diante desse tipo de violência:
“Não é apenas contra mim. É contra todas as mulheres que ousam ocupar espaços de poder. E enquanto tentarem nos silenciar, gritaremos ainda mais alto.”
