A imprensa diante da revolução tecnológica

A cada dia que passa, mais somos envolvidos pelos efeitos da revolução tecnológica. Temos visto os velhos costumes ficando ultrapassados. O mundo, cada vez mais imediatista e descartável, nos faz, ainda que involuntariamente, vítimas do tempo. A imprensa também não ficou impune.

Velhos hábitos como ler um jornal ou revista, ou mesmo assistir a um programa de televisão, estão se tornando menos importantes, à medida que temos acesso a tudo de qualquer lugar, bastando portar um dispositivo móvel.

Gigantes da mídia tentam de forma desesperada se atualizar para conseguir acompanhar a evolução desse novo tempo, pois diferente de outras épocas em que as pessoas vinham atrás da informação, essa, ainda que não fidedigna, está escancarada em qualquer site de internet.

O que vemos hoje são revistas, jornais e a própria televisão tentando atrair consumidores para seu meio, propondo novas formas de acesso e interação, nem sempre de forma assertiva.

Os considerados grandes do mercado ainda não consegue identificar o seu público, pois a exemplo da internet, onde a maioria corresponde a jovens e não são necessariamente consumidores de jornais e revista, e ainda que a televisão tenha monopolizado durante muito tempo a mídia de massa, estamos chegando à era onde o jovem não se importa mais em ver esse tipo de programação, pois a considera velha e ultrapassada.

Muito tem se falado na distinção existente entre a chamada grande imprensa caracterizada como séria, formadora de opinião e a pequena imprensa, que apela para aspectos popularescos, manipulando os leitores, divulgando informações sensacionalistas.

Se o aspecto crítico é característica da primeira, parece correto afirmar que a função apelativa é atributo da segunda.

Se no primeiro caso o texto deve revelar sua referencialidade, fato que lhe confere valor documental, já no segundo, o texto, muitas vezes é enfraquecido, pois a palavra passa a ser mero instrumento, enquanto fotos consideradas extravagantes falam mais alto.

Conferimos assim, à imprensa genuína, a razão precípua de informar com exatidão, formando em seu leitor, o processo gerador de conhecimento consciente.

Quando se trabalha exclusivamente com fatos bombásticos, o imediatismo faz-se presente e cria o que podemos chamar de jornalismo frívolo, que vive e se sustenta da desgraça e das banalidades que fazem parte do cotidiano.

Transpondo este conceito para a gíria brasileira, quando se refere ao meio artístico, estaremos falando de imprensa marron. Aquela que se vale de gafes, desgraças e “barracos” envolvendo celebridades e pseudocelebridades.

A imprensa tem um grande papel perante a sociedade, tem a função de informar sobre fatos recentes, entreter, fornecer conhecimentos de maneiras mais rápidas, fiscalizar os governantes, formar opiniões.

Antes da invenção da imprensa, as notícias demoravam para chegar, porém, hoje, o que acontece de importante pode ser visto quase que instantaneamente pelos espectadores.

Um terremoto no Haiti, no Chile, no México é apresentado à sociedade naquele momento. E tudo se propaga com velocidade vertiginosa através das redes sociais.

Para que seu papel seja exercido com responsabilidade é preciso existir o equilíbrio.

A transparência é um fator importante na imprensa, os fatos têm que ser averiguados e confirmados, uma notícia sobre o poder público não pode ser publicada com base em suposições, já que um fato mal interpretado pode causar movimentações indesejadas.

A difamação e as calúnias não fazem parte do jornalismo, os meios de comunicação devem adotar uma postura que evidencie responsabilidade e imparcialidade ao divulgar toda e qualquer informação.

A liberdade de imprensa foi uma conquista adquirida no Brasil só no fim do século XX, com o fim da ditatura, portanto, todos têm direito de ficar informados tanto sobre o poder que governa o país, quanto sobre fatores naturais, sendo dever da televisão, do rádio, da internet, dos jornais e revistas divulgar os acontecimentos.

Em vez de discutir meios de aproximar desse novo público que será o futuro consumidor, vemos várias reportagens de importantes veículos como jornais e revistas discutindo o processo de mídia ninja que teve um papel determinado nos protestos de junho passado, enquanto as grandes mídias não puderam estar tão próximas da notícia, às vezes sendo até hostilizada.

Um dos pontos da mídia ninja ter obtido sucesso foi justamente por falar a língua do público jovem, nas redes sociais, em universidades, em movimentos jovens militantes (ainda que seja uma posição discutível) e nem sempre seguindo os padrões de divulgação de notícias conforme a tradição das antigas mídias.

A imprensa praticada na região de Caetité, Guanambi e circunvizinhanças (onde atuo) não obedece a padrões preestabelecidos, mas, atende a uma ética tácita, comum a todos os veículos referenciados como imprensa. Desse modo, prevalecem a responsabilidade, a coerência e o equilíbrio

Do Radar 030, por Willian João Leal da Silva