Faixa de “luto pelo comércio” gera polêmica em Guanambi

Por Agência Sertão- Uma loja de calçados e confecções causou polêmica em Guanambi no fim da última semana ao fixar uma faixa com os dizeres “Luto pelo Comércio”. A iniciativa aconteceu após o prefeito Jairo Magalhães anunciar o fechamento do comércio considerado não essencial por 15 dias. A medida que tem como objetivo tentar diminuir a velocidade de propagação do coronavírus na cidade foi publicada na última sexta-feira e valerá a partir desta terça-feira (28) até o dia 11 de agosto.

O protesto da loja aconteceu na semana em que o número de mortos pelas complicações da Covid-19 superou a população de Guanambi. Nas redes sociais foram muitas as críticas de pessoas que consideraram o protesto desrespeitoso às famílias que perderam seus entes queridos pela pandemia. “Falta de empatia com que realmente está de luto por ter perdido uma familiar, um amigo, enfim, alguém que era amado por alguém”, disse uma das pessoas que criticou a iniciativa.

No entanto, a loja recebeu apoio de outras pessoas que viram como válido o protesto, por entenderem que o comércio não é o principal vetor de contaminação do coronavírus e que o fechamento das lojas vai gerar desemprego. “As pessoas não estão se cuidado, estão fazendo farra com os amigos nos fins de semana, não é o comércio aberto que está espalhando o vírus”, disse outra pessoa que se manifestou nas redes.

Uma postagem no perfil do Facebook da empresa com o mesmo teor da faixa recebeu alguns compartilhamentos de pessoas que também contrárias ao fechamento do comércio.

Diante da repercussão, a loja que pertence a uma rede presente em cerca de 40 municípios da Bahia emitiu uma nota onde defendeu a sua posição. A empresa disse que fecharia suas lojas com “toda certeza” se fosse verdade que o fechamento do comércio acabaria com a pandemia.

“Nós com toda certeza nos preocupamos com as vidas! E lamentamos profundamente pelas vidas perdidas. Nos preocupamos também com os empregos que serão perdidos, pais de família, pequenas empresas, ambulantes que precisam de uma renda para sobreviver”.

A nota diz ainda que o fechamento apenas do comércio considerado não essencial não resolve o problema, pois há lugares com funcionamento permitido onde as pessoas podem se contaminar.

“Temos filas absurdas e aglomerações nos bancos e lotéricas, os caixas eletrônicos não são higienizados a cada cliente que o usa, tocamos em tantos lugares que podem estar infectados, inclusive produtos da prateleira de uma farmácia, ou supermercado, da recepção de um hospital…Temos mercadinho, mercados, supermercados cheios de pessoas todos os dias, o dia todo!”, diz a nota.

Desde de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a propagação do coronavírus como pandemia mundial, há quase quatro meses e meio, as lojas de Guanambi ficaram fechadas por cinco semanas.  Na primeira vez, a prefeitura decretou o fechamento a partir de 18 de maio e voltou a permitir a abertura das lojas em 7 de junho.

O segundo fechamento ocorreu após a detecção dos primeiros casos de infectados pelo coronavírus no município e durou de 17 de maio até 7 de junho. Academias e todo o setor de alimentação, como bares, restaurantes e lanchonetes ficaram fechados por mais tempo e agora terão que fechar novamente ao público e só poderão atender por delivery.

O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 justificou a necessidade de apertar as medidas restritivas devido ao aumento de 12 casos positivos em RT-PCR para 86 num intervalo de 30 dias. Segundo o comitê, o Pronto Atendimento Covid-19 realizava uma média de 10 atendimentos por dia e hoje são cerca de 30 pessoas que procuram a unidade de saúde diariamente.

Além disso, a demora para regular pacientes para leitos especiais do tratamento da doença foi relatada pelo comitê, que disse que a secretaria de saúde tentava a 4 dias a transferência de dois pacientes com sintomas mais intensos da doença. Além disso, hospitais de Vitória da Conquista e Salvador estão com taxa de ocupação de UTI’s de cerca de 80%. Um dos pacientes recebeu alta neste domingo (26) e foi para a casa, o outro ainda estava a espera de regulação.

Por fim, o comitê concluiu que a medida temporária se faz necessária e urgente, a fim de que haja resultados satisfatórios no controle da ascensão da curva de contágio e com isso aumentar a capacidade de resposta, salvando o máximo de vidas possível.

Embora o município tenha anunciado a criação de UTI’s anexas ao prédio onde funciona o Hospital Municipal, os leitos não possuem todos os equipamentos e equipes para que funcionem de fato para tratamento intensivo, servido como salas de estabilização até que a transferência para outros hospitais seja viabilizada. O secretaria de Saúde alega dificuldade para comprar equipamentos e principalmente para formar equipes qualificadas.

O principal centro de atendimento disponível na região é Vitória da Conquista, onde três hospitais possuem 60 leitos de UTI e 75 leitos clínicos referenciadas na rede SUS para tratamento de casos moderados e graves da Covid-19. Neste domingo havia 48 pacientes internados nas UTI’s e 12 vagas disponíveis para uma população de 1,8 milhão de habitantes de 74 municípios do Núcleo Regional de Saúde do Sudoeste.

Ainda neste domingo, mais cinco casos de coronavírus foram confirmados em Guanambi. Dos 171 casos, 135 pacientes estão recuperados e outros 36 ainda estão ativos com a doença. Não foram registrados óbitos em Guanambi por conta de complicações da Covid-19.

Nota da Real Calçados de Guanambi

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Nós com toda certeza nos preocupamos com as vidas! E lamentamos profundamente pelas vidas perdidas.